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Que tal me ouvir um pouco?

Foto do escritor: Essencia CristalinaEssencia Cristalina

Quando olho para certas pessoas que são impedidas de expressarem seus sentimentos, de fazer suas vontades, de manifestar seu descontentamento com uma coisa ou outra, de perguntarem certas coisas sinto aí a falta de compaixão.

Nem sempre estamos preparados para ver ou ouvir as pessoas que nos cercam tendo atitudes que não aprovamos. Fazem coisas “absurdas”: “Onde já se viu falar uma coisa dessas!?” Pra quê falar desse jeito!?” “Nossa, não vai adiantar nada ficar assim!”

Por que será que muitas curas da psique humana se dá simplesmente ao ser ouvido ou ouvida? Porque muitos de nós fomos impedidos de se expressar em momentos de nossa vida e isso ficou guardado criando uma ferida. Enquanto isso não é colocado pra fora será como uma ferida minando pus... tá infeccionada, não sara e vai liberando essa infecção na fala e nas atitudes com a famosa INDIRETA.

Como facilitador de Eneagrama observo isso facilmente no tipo 9, pacificador, mediador, ponderador, busca a paz e a harmonia a todo custo porque evita mexer na ferida diretamente porque sabe que vai lembrar da dor de querer se expressar e ser impedido. Essa ferida incomoda tanto que prefere se isolar das pessoas e silenciar já que sente que elas não compreendem suas dores. Sabe lá no fundo que precisa de ajuda, mas ao tentar pedir ajuda e ser mais uma vez impedido e incompreendido se fecha ainda mais. Tem dificuldade em se expressar, fala aos poucos, nas entrelinhas e isso pode agredir certas pessoas que por não entenderem agem de forma reativa bloqueando a interação.

Esse fechamento vai se intensificando como uma cobra esmagando os ossos de uma presa, um pouquinho de cada vez até não conseguir mais lutar e desistir. Quando desiste ativa a inércia e se permite ser engolido pela serpente. Neste ponto acabam os sonhos, as vontades, a alegria de viver. Pessoas que antes admiravam passam a não ter o mesmo valor pois não são capazes de ouvir com compaixão e carinho.

Uma das piores coisas que podem acontecer com qualquer ser humano é tirar sua liberdade de expressão. Não somos criados para sermos bloqueados, impedidos por outros seres, temos o livre-arbítrio que permite que expressemos nossa vontade. Respeitar esse direito é fundamental para o desenvolvimento saudável do amor fraternal da humanidade. Isso não significa que todo o mundo pode sair por aí fazendo o que bem quiser justamente porque o livre-arbítrio de cada um tem o limite amoroso de chegar até o livre-arbítrio da outra pessoa. Quando esse limite é ultrapassado surge a necessidade de ajustes no relacionamento interpessoal.

E o que fazer nessa hora? Simplesmente tenham compaixão. Permita que cada um se expresse como desejar contanto que respeite o limite que é dado por você. Não permita ser oprimido, injustiçado, abusado, manipulado. Não permita perder seu poder de escolher o que é melhor pra você. Aceite cada ser humano exercer sua liberdade por mais absurdo que possa ser pra você, por mais fora da casinha, por mais nada a ver. Ouvir não significa que precisa concordar com as atitudes ou pensamentos dos outros, ouvir é sinônimo de amor. É ser um canal que a pessoa pode usar para liberar a infecção da sua ferida. É a agulha que vai extrair a infecção. Pode não ser agradável de ouvir assim como não é agradável de ver o pus da ferida, mas é altamente curativo e amoroso.

Enfim, querem ajudar as pessoas de forma assertiva e plena? Aprenda a ouvir principalmente, as pessoas que te incomodam pois ali pode haver a cura do perdão e a reconciliação por questões armazenadas e mal resolvidas que precisam dar vazão para substituir a mágoa por ternura. Liberte quem você ama! Ouça e não diga nada. A ferida não precisa de um tampão antes de estar totalmente vazia da infecção.

Gratidão a você por me ouvir!


Por Robert Casemiro

 
 
 

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