
Quem nunca teve que lidar com situações onde se sentiu injustiçado e incompreendido. Numa conversa cada um vai expressar suas ideias de acordo com seu ponto de vista e isso sempre será diferente. Como vivemos num sistema de guerra onde aprendemos que minha vontade, minha necessidade deve prevalecer sobre a do outro, quando percebemos que vamos “perder” surge aí nosso mecanismo de defesa.
Tem alguns programas na TV que sempre dão boas audiências, “Casos de Família”, “Ratinho”, “Debates Políticos” porque gostamos de torcer para um dos lados ganhar. Porque nos identificamos com a necessidade de ter razão. Não é muito diferente do tempo dos gladiadores em que nós, na plateia, queríamos ver alguém ganhar em vez de desejar ver os homens e os animais ficassem livres, sem atrocidades.
No Eneagrama podemos compreender que cada uma das nove personalidades vai acionar seu próprio mecanismo de defesa. Uns vão enfrentar, reagir, lutar, agredir, enquanto outros vão recuar, silenciar, fugir, se inferiorizar.
Agora cada um que está lendo/ouvindo isso vai se identificar com a opção “Não vou engolir sapo” e a outra “Tá bom, vou ficar na minha, mas magoado”.
Aí eu pergunto: Qual é a melhor opção? Pense um pouquinho e seja sincero, sincera contigo. Eu respondo que nenhuma das duas opções é a mais adequada e útil. Ambas são extremas.
O ataque é agressivo, nada amoroso, uma energia que pode ser o estopim de uma briga séria entre as pessoas, pode ferir o outro. Já ficar na sua e magoado causa a ferida em si mesmo. Permite que o outro te entregue a espada na sua mão e você mesmo se machuque.
Acho que você já deve estar cansado de ouvir a expressão: “Melhor ser feliz do que ter razão”. E o que isso significa? Significa silenciar seu mecanismo de defesa ao perceber que não existe ataque.
Um exemplo, alguém diz pra você: “Não aguento mais você reclamando que eu não dou atenção pra você!”
Vamos analisar um pouquinho esta situação.
Um lado se sente cobrado, pressionado a dar atenção e ao mesmo tempo deve realmente estar sobrecarregado de atividades. Mesmo que tenha a intenção de dar mais atenção não consegue porque trabalha demais. Faz o que pode, mas sente que o outro lado não fica satisfeito com o que pode oferecer. Como não vê como fazer diferente explode no “Não aguento mais...”
O outro lado pode até realmente sentir a falta de atenção, deve estar na condição de espera por um momento onde não tenha que dividir essa atenção com outras atividades. Pode representar uma carência, um desequilíbrio nesta relação que pode ser de um casal, de pais e filhos, de dois amigos... Sei que você que está lendo isso já se identificou também... rs. Ótimo! Identifique-se mesmo para facilitar minha descrição. Visualize a situação na sua mente e seja um dos lados.
Agora que vem a parte boa... Qual seria a melhor resposta para o “Não aguento mais...”?
Qualquer resposta que não acione minha vontade de ter razão, minha interpretação que estou sendo atacado, que preciso me defender ou fugir. Simples assim.
Na dúvida em saber o que dizer, silencie. Evite dar margem ao confronto. Se isso mexeu com seus sentimentos, se doeu de alguma forma, se afaste para não causar mais ferida em ambos.
Mas sei que quer saber como deveria responder né? Então lá vai...
Olhe para seu coração;
Tenha compaixão pelo outro que se sente pressionado – mesmo que você não se veja causando isso, não importa. Se o outro sente-se assim não adianta convencê-lo do contrário nesta hora. Lembre-se que é melhor ser feliz que ter razão!
Procure sair da condição de alvo;
Imagine congelando a cena e você subindo numa escada para enxergar a cena do alto. Mude seu ponto de vista e se coloque do lado do outro;
Se puder, procure sentir o que o outro sente.
E daí poderá surgir estas expressões:
“Eu compreendo o que está sentindo, o que eu posso fazer para te ajudar?”
“Me perdoe se o que fiz te chateou.”
“Me desculpe.”
“Tá bom, entendi.”
Evite justificar. A justificativa é a sua tentativa por ter razão enquanto o outro lado não está pronto para te ouvir já que está expressando sua própria razão.
Em resumo, numa discussão procure sair da condição de alvo e olhe a cena do alto. Se possível, se coloque no lugar do outro com compaixão. Evite justificativas. Evite querer que suas verdades prevaleçam.
Mais amor e menos guerra!
Por Robert Casemiro
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