Em momentos onde certas situações da vida nos trazem incômodos que nos tiram do prumo reside uma grande oportunidade de um aprendizado valioso.
Ao longo da vida aprendi que o que incomoda nas atitudes das outras pessoas é aquilo que reconhecemos em nós, mas ainda requer um pouco mais de atenção e autocuidado para lidar com esse aspecto que vou descrever nas próximas linhas.
É difícil nos incomodar com as pessoas que pensam e agem como a gente, pois são parecidas e por isso nos sentimos bem ao lado delas, são parceiras e validam nossas crenças.
Na religião isso é comum: defenderei as pessoas da minha doutrina, mas não há garantia que isso se estenda a uma pessoa de uma religião diferente.
Na balada vou curtir as pessoas que são animadas e gostam de curtir como eu, mas vou ignorar as mais quietinhas e retraídas.
Na vida fazemos isso em várias situações porque o diferente incomoda. O diferente cria o contraste que ajuda a ver aquilo que estava escondido. Um professor não poderia nos ensinar se o giz branco que sempre usou não pudesse ser percebido caso a lousa não fosse escura, também conhecida por quadro negro.
Portanto, aprendi que se tem alguma coisa que não gosto em alguém é bom ficar alerta para alguma coisa dentro de mim que não esteja bem e eu não queira olhar por medo, culpa, por feridas do passado etc.
Também quando somos apontados por uma conduta que desagrada alguém ou um grupo vale aí outra oportunidade de aprendizado. Reconhecer humildemente que causamos algo que incomodou, mas sobretudo, olhar para si e avaliar o quanto esse incômodo do outro faz sentido pra você.
Vivemos recebendo críticas dos pais, do chefe, dos colegas, dos filhos, do parceiro e nem sempre isso deve ser validado como verdade.
Essas verdades dos outros nos condicionam a seguir o modo de enxergar o mundo do jeito deles. Isso acontece também com nosso sistema político onde somos bombardeados de ideias e discursos nos forçando a escolher um lado e o pior, atacar o outro lado que é diferente daquele que escolhemos para gente. E nem vou dizer aqui tantos outros cenários onde isso ocorre para que esse texto não fique deprimente.
Ressalto aqui olhar para seu coração e descobrir a SUA VERDADE. Você pode cometer deslizes ao longo da vida, pode receber puxões de orelha muito bem vindos, pode receber dicas, conselhos, ajuda… mas nem tudo que é dito sobre você precisa ser engolido como VERDADE. Se alguém te chama na rua de palmeirense porque você veste uma camiseta verde você passa a aceitar isso como VERDADE e muda de time na hora? Se as pessoas te acusam de chato porque fez um comentário que essa pessoa não gostou você se torna chato na hora?
Cada um de nós vê o mundo de uma forma individual e para se sentir confortável precisamos que outras pessoas também vejam as mesmas coisas da mesma forma para não nos sentirmos sós, desqualificados, desprezados. Ter a confirmação de outra pessoa é importante para garantir a confiança de que estou “certo”, mas essa outra pessoa também pode querer o mesmo e não estar com toda essa “exatidão”. É como colar a prova de outro aluno sem saber que esse aluno também quer colar de outro porque não estudou.
Enfim, olhe sempre pro seu interior, revise suas crenças, seu jeito de ver o mundo independente das escolhas dos outros. Ame-se e não permita que ninguém invada seu espaço divino dizendo que está errado nisso ou naquilo e que precisa mudar. Ninguém tem esse direito sobre você.
Dessa forma estará fazendo justamente o que um grande professor disse um dia “Amai ao próximo como a si mesmo.” Se amando assim poderá permitir que o próximo possa ter a liberdade de aceitar ou não tudo aquilo que chega como certo ou errado. Julgue menos, compreenda mais, aponte menos, acolha mais, critique menos e ame mais.
Por Robert Casemiro
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